quarta-feira, 22 de maio de 2013

Usinas lixo - energia (Incineradores)

O Problema dos incineradores
 Os adeptos das "usinas lixo-energia" prometem transformar todos os dejetos em energia, o que soa atraente, e reivindicam até créditos de energia renovável por conta disso! Mas há dois problemas.
 Primeiro: o pouco de energia recuperada com a queima de resíduos é muito sujo, e o processo libera mais gases do efeito estufa do que a queima de gás natural, óleo ou carvão. De acordo com a agência de proteção ambiental americana (EPA), incineradores de lixo produzem 1355 gramas de CO2 por KW/hora; o carvão produz 1020; o óleo, 758; e o gás natural, 515.
 Segundo: vale observar um quadro mais amplo. Quando se queima algo, isso significa ter que voltar a extrais, minerar, cultivar, colher, processar, finalizar e transportar um novo produto para substituir o que foi destruído. Tudo isso consome muita energia. Se o objetivo principal é conservá-la, faz muito mais sentido poupá-la de antemão, reutilizando e reciclando coisas.
 Os custos com a implementação de incineradores em países industrializados chegam a 500 milhões de dólares. Enquanto isso, nos países em desenvolvimento, esse valor varia de 13 mil a 700 mil dólares. E a maior parte dos equipamentos dos países mais pobres jamais atenderia os requisitos instituídos pelas leis de segurança e saúde nos Estados Unidos e na Europa. No entanto, uma vez instalados, os incineradores são consumidores de capital e máquinas, e não de mão de obra, visto que abrem apenas cerca de trinta vagas de tempo integral.
 Vale contrastar esse processo nocivo com programas de reciclagem e de desperdício zero, onde cada dólar investido gera dez vezes mais empregos locais que fortalecem a comunidade .
 Em contraste com os 500 milhões necessários para construir um incinerador dentro das leis de proteção a saúde e segurança, um centro de alta tecnologia para recuperação de materiais construído na costa oeste americana, custou pouco mais de 9 milhões. E mais: enquanto um potente incinerador queima em geral  2mil toneladas de lixo por dia, o centro administra 4 mil, das quais 40% são recicladas, além de proporcionar empregos a 250 pessoas. A diferença é ainda mais óbvia nos países em desenvolvimento, onde a reciclagem e a compostagem são menos mecanizadas e, portanto, necessitam de mais mão de obra.
 Até o Banco Mundial admite que operar tais máquinas custam no mínimo o dobro do que se gasta com a implementação de aterros sanitários, embora continue a financiá-las em países em desenvolvimento.

Fonte: LEONARD Annie. A história das coisas. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

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