segunda-feira, 16 de julho de 2012

Pegada Ecológica


Trata-se da falta de sustentabilidade humana (infra-estrutura e preparo no uso dos recursos naturais) , pois de acordo com Dias (2002) a maior parte da população vive nas grandes cidades e já são várias gerações nascidas e criadas afastadas do convívio com a natureza, tais gerações criadas por um sistema educacional que as faz ignorar as conseqüências ambientais de seus atos e os tornam apenas perseguidores de bens materiais, não auxiliam no desenvolvimento de uma sociedade auto-sustentável. De acordo com Dias (2002) sob tais condições o desenvolvimento sustentável não é possível, o que é acrescido pelo desafio evolucionário que já está ocorrendo nos centros urbanos, pois apesar de ocuparem apenas 2% da superfície da Terra os seres humanos consomem 75% dos seus recursos.

 O estudo do impacto que o ser humano causa no meio ambiente seguiu durante muito tempo os parâmetros de qualquer estudo científico, ou seja , deve-se testar uma hipótese específica , utilizando uma metodologia definida e controles para identificar os efeitos de uma dada mudança no tempo e, com isso produzir conhecimento útil (DIAS 2002). Todavia o que a humanidade vem presenciando não é passível de repetição, pois há várias mudanças ocorrendo ao mesmo tempo, com muitas variáveis, e não há controle, o que significa que as mudanças não são distinguíveis entre si e os resultados destas podem não ser úteis.

 Desta forma este estudo realizou-se através do conceito do pluralismo metodológico recomendado por Stern et al (1993) para estudos dessa natureza (DIAS, 2002).

 Apresenta-se agora alguns dos aspectos estudados e o resultado da contribuição humana, a pegada ecológica.

Contribuição das alterações de uso do solo.

  Para abordarmos este tema é necessário informações sobre o uso do solo da área de estudo  em períodos diferentes (DIAS, 2002). Estudos estes que concluíram que todas as formas de ocupação do solo sofreram modificações, mais ou menos intensamente.  Tais modificações, impostas pelas atividades humanas, amplificadas pelo contexto do megametabolismo urbano (crescimento rápido e desordenado das cidades), trazem consigo efeitos tanto diversos como inesperados em suas redes de interações . Por essa razão , muitos acreditam que as mudanças de uso da superfície terrestre devam constituir uma das fontes mais poderosas de indução das alterações ambientais globais (DIAS ,2002). Por exemplo de 1994-1997 houve um aumento de 10% de crescimento na taxa de conversão de áreas naturais para áreas de agropastoril, além de alterar os aspectos locais , tais modificações contribuem para o aumento das emissões de CH4 devido a presença de gado nas pastagens e, conseqüentemente,das atividades biológicas  desprendedoras de gases-estufa, bem como o aumento das emissões de N2O devido a própria conversão do solo ( DIAS, 2002).

O consumo de combustíveis fósseis.

 Como se sabe o consumo dos combustíveis fósseis em diversas atividades humanas  representa uma das maiores fontes de emissão de diversos gases-estufa (gases responsáveis pelo aumento de temperatura global) para a atmosfera, principalmente gás carbônico. Nos sistemas urbanos essas emissões ocorrem devido ao uso abusivo do transporte automotivo, ao uso do gás de cozinha e a incinerações.

 Em 1950 existiam no mundo 50 milhões de veículos. Atualmente são em torno de 520 milhões e estima-se que até 2010 sejam 816 milhões de veículos (Worldwatch Institute apud Dias,2002). Os transportes consomem cerca de 20% de toda a energia produzida globalmente. Desse montante , em torno de 60-70% são destinados a conduzir pessoas ;o restante para conduzir cargas. O setor de transporte cresce a uma média global anual de 2,7%, maior que qualquer outro setor da atividade humana (World Energy Council ,1998 apud DIAS,2002).

 A rápida urbanização na maioria dos países significa que, não apenas mais pessoas estarão vivendo e trabalhando nas cidades, mas também que mais pessoas e mercadorias estarão fazendo mais viagens dentro dessas cidades ou entre estas cidades.

 De acordo com Andres et al (1996 apud DIAS,2002) no momento, cerca de 80% da emissão anual de dióxido de carbono para atmosfera ocorre em função da queima de combustíveis fósseis. Além disso essa combustão também libera outros componentes como o nitrogênio. Sendo assim de acordo com Dias (2002) os combustíveis fósseis possuem um papel de pivô no orçamento global de dióxido de carbono, atuando como fonte desse gás e de outros na atmosfera que podem estimulá-la a seqüestrar mais carbono.

 Impactos produzidos pelo gás de cozinha.

 Em uma cidade em sua maioria os fogões são abastecidos pelo gás liquefeito de petróleo. Mesmo nas favelas a sua presença é certa.

 O ser humano desenvolveu certas dependências que quase não nota a não ser em caso de paralizações do sistema de abastecimento, entretanto além dessa dependência perigosa e frágil da sociedade urbana , um outro aspecto se soma. A queima de gás de cozinha , composto principalmente por butano , libera quantidades significativas de dióxido de carbono para a atmosfera (DIAS,2002). Tal fato pode ser demonstrado pelo estudo abaixo.

 A População estudada consome 1.329.440 botijões de GLP por ano.Considerando que a combustão da mistura de gases dos 13 Kg do botijão doméstico produz,em média, 88 Kg de CO2 , tem-se uma emissão de 146.238,4 toneladas de CO2 /ano, o que requer uma área de 81.243,5 ha de áreas naturais para sua absorção. Dividindo-se esse valor pela população local, tem-se o requerimento individual para a demanda desse item de consumo,ou seja 0,11 ha/pessoa/ano (DIAS,2002,p.145).

Impactos gerados pelo consumo de energia elétrica.

  Para quantificar o impacto gerado pelo consumo de energia elétrica usam-se vários fatores de conversão, dentre eles o que estabelece uma relação entre o consumo de energia elétrica (KWh) e a emissão de CO2 (Libras). Baseando-se nessa relação, para atender ao consumo de energia elétrica de cada habitante é necessário 0,38ha/p/ano de mata nativa para absorver as emissões  (DIAS, 2002).

 Outro ponto ainda de acordo com Dias (2002,p.154) é o fato do maior provimento de energia elétrica no Brasil ser oriundo de usinas hidrelétricas . Sendo assim, o consumo de eletricidade acaba contribuindo para estabelecimento de impactos ambientais negativos devido aos processos das usinas. Alguns destes citados abaixo:

-  Impedimento da migração de peixes;

- Modificação do teor de oxigênio dissolvido na água (pelo longo tempo de permanência da água nos reservatórios = anoxia);

-  Proliferação de macrófitas aquáticas;

- Aumento de teor de nutrientes sólidos, materiais flutuantes e húmicos (decomposição dos vegetais submersos com a conseqüente produção de gás sulfídrico e amônia);

-  Diminuição do transporte de sedimentos à jusante (sentido em que fluem as águas);

-  Alterações na cor da água e no regime fluvial;

-  Mortandade de organismos aquáticos;

-  Alterações na paisagem natural;

-  Instabilidade das margens (por causa da oscilação sazonal);

-  Desflorestamentos;

-  Surgimento de doenças e pragas;

-  Drástica redução no estoque pesqueiro nativo.

 De acordo com Dias (2002, p.155), os cidadãos confortavelmente instalados em seus escritórios ou em suas residências não sabem e não são estimulados a saber a conseqüência dos seus hábitos de consumo, e acresce-se a isto que a cidade tem o poder de envolver as pessoas numa falsa sensação de independência (inescasses de recursos).

Impactos gerados pelo consumo de madeira e papel.

 Dentre os diversos produtos levados a cidade para consumo, a madeira é certamente um dos mais significativos, nem tanto pela quantidade mais pelo impacto gerado.

 Milhares de áreas nativas além das fronteiras da cidade, são destruídos para que o produto chegue ao comércio local (DIAS, 2002).

 Além disso dezenas de impactos ambientais negativos são gerados, devido a forma predatória com que é feita a extração.

 Para cada peça de madeira que chega a cidade, vão nelas embutidas ações para perda de biodiversidade , erosão e empobrecimento dos solos, assoreamento dos rios e danos à vida aquática, inundações, doenças, etc.

 O objetivo não é condenar aqui o uso da madeira mas sim destacar que apenas 10% do consumo mundial de madeira é proveniente de áreas manejadas (áreas com controle de extração e replantio). Em torno de 55% do que é cortado atualmente continua sendo utilizado como combustível (Brasil, China,Índia, Indonésia e Nigéria representam metade do consumo mundial de lenha) (DIAS, 2002).

 Em 40 dos países mais pobres do mundo, a madeira atende a mais de 70% das necessidades energéticas, (segundo WWI, 1999-2000 apud DIAS 2002, p.161).

 Nas 32 madeireiras visitadas na área do estudo realizado por Dias (2002, p.163), revelou-se que a maior parte das madeiras vêm do estado do Pará , seguido do Maranhão e de Mato Grosso e de Rondônia. Ou seja, o consumo majoritário se dá à custa da destruição da floresta amazônica , uma vez que essas áreas integram a Amazônia Legal. As árvores predominantes são: ipê, maçaranduba,angelim,mogno, cedro e muicatiara. 

 Só na região do estudo estas 32 madeireiras vendem cerca de 2400m3 por mês, isto equivale à cerca de 96 carretas por mês. Se considerarmos que a produtividade média das florestas tropicais é de 2,3m3 /ha/ano (Wackernagel e Rees apud Dias 2002,p.163) como foram destruídos  12.521ha/ano, cerca de 22.537 toneladas de Carbono (CO2) deixam de ser absorvidas pelas florestas derrubadas e são acumuladas na atmosfera, contribuindo para a retenção de calor e conseqüentemente para o efeito estufa.

 Sendo assim fazemos uma consideração importante oriunda de um provérbio budista que diz “Corte a floresta de sua ambição primeiro,antes de cortar árvores de verdade” (DIAS,2002). 

 No setor de papel tem-se percebido aperfeiçoamento fantástico no seu relacionamen-to  com os recursos naturais. Acusada durante décadas de ser uma indústria poluidora e devastadora de áreas ambientais, investiu em pesquisas de melhoramento de espécies e encontraram nas plantações manejadas de eucalipto formas eficientes de deixar florestas nativas em paz. De acordo  com Dias (2002) eram necessários 100 anos de produtividade de floresta amazônica para produzir 300m3 de madeira. Esse mesmo volume agora é produzido entre 7 e 10 anos.

  É fato que o uso de espécies exóticas não se faz sem controvérsias. Acusadas de reduzir a disponibilidade de água no solo e de formar florestas mortas, ou seja quase sem fauna , essas plantações em monoculturas estão longe de ser uma unanimidade. A reciclagem e o reaproveitamento também reduziriam substancialmente o impacto ambiental dessas atividades (vale ressaltar que fibras de papel só podem ser recicladas 5 ou 6 vezes). Entretanto, estão no excessivo crescimento do consumo e no desperdício de papel os problemas desta área, além dos problemas causados pelos efluentes líquidos e gasosos gerados nas plantas industriais dos processos de produção de papel (DIAS, 2002).

 O consumo mundial de papel está crescendo em um ritmo tão acelerado que suplanta os ganhos alcançados pela reciclagem .

 Embora a reciclagem tenha imposto uma desaceleração no crescimento de demanda de polpa de madeira, serviu mais como um complemento do que um substituto para a fibra virgem (DIAS, 2002).

 Felizmente, a produção de papel novo, a partir do velho, tem-se tornado mais eficiente: para cada tonelada de papel usado, quase uma tonelada de papel novo pode ser produzida (mais eficiente do que a relação 2-3,5 toneladas de árvores para produzir uma tonelada de papel virgem). O mundo recicla cerca de 43% do papel utilizado (a Alemanha detém o recorde mundial de 72% seguida pela Coréia do Sul, com 66%, e da Suécia, com 55%. Não há dados confiáveis para o Brasil). Acredita-se que o mundo recupere 45% do papel utilizado, por volta de 2010 (DIAS, 2002). A reciclagem precisa ser obrigatória, incluída nos nossos hábitos cotidianos. Precisa-se proibir, por lei, o despejo de papel nos aterros (enquanto o processo de educação ambiental se desenvolve).

 Por outro lado, as novas tecnologias têm produzido pressões crescentes de demanda (ver tabela abaixo), a exemplo do advento das impressoras e outros.

País                                        Consumo de papel per capita (Kg/ano)

EUA                                       317,0

Canadá                                   247,0

Brasil                                     51,0 *

Índia                                       2,0

Média Mundial                      50,0

Média países em desenv.      18,0



Fontes: * Aracruz  Celulose, CC (1997)

(Wackernagel e Rees apud Dias 2002,p.165)

Só esse componente já é suficiente para destacar as extremas diferenças de apropriação dos recursos naturais feita pelas diferentes nações, para sustentar os seus terametabolismos (Terá = 1012). Um americano consome cerca de oito vezes mais papel que um brasileiro. Nada mais natural que, para manter os níveis de consumo dos países ricos, mais áreas naturais ou de produção de alimentos nos países pobres sejam convertidas para plantações de eucalipto ou afins (DIAS, 2002). Gostaria ainda de ressaltar que apesar de não ter nenhum cunho político este trabalho destacar os fatos citados acima, pois estes são fatos.

 Impactos gerados pelo consumo de carne bovina.

 Este é mais um componente do megametabolismo urbano, relativamente fácil de ser quantificado, e que contribui de forma expressiva e variada para as alterações ambientais globais (DIAS, 2002).

 O mercado mundial de carne bovina movimenta cerca de 10 a 12 bilhões de dólares por ano. O Brasil, com seu rebanho de 165 milhões de cabeças, participa com 6 milhões de toneladas/ano, equivale a 8% desse mercado (DIAS,2002).

 A média mundial  de consumo é de 8,9 Kg/pessoa/ano. A média da Europa é de 20,2, a do Brasil é 30,4, e a da Argentina é 73.

 Segundo o sindicato do comércio varejista de carnes frescas do Distrito federal (apud DIAS,2002,p 166), a média local é de 28Kg/pessoa/ano. Isso significa que somente para atender às cidades de Taguatinga, Ceilândia e Samambaia, são consumidos 20680t/ano. Considerando que cada boi pesa 230Kg, a população consome em média anualmente 89913 bois.

  Isso significa que cada pessoa se apodera de 0,48 há de área de pasto, se considerarmos que para produzir 1 kg de carne bovina são necessários 4mil litros de água (Kulke apud Dias 2002,p.167), a população utiliza 82.720.000m3 de águas adicionais para obter sua carne bovina.

 Conforme Dias (2002) a carne bovina, como componente da dieta dos seres humanos, constitui um dos setores mais poderosos de pressão sobre os recursos ambientais, quer seja pela transformação do uso do solo, ou pela substituição de áreas naturais, arrastando em seu espectro, o desflorestamento e todas as suas conseqüências.

 Podem-se ainda adicionar as atividades dos matadouros e frigoríficos, que geralmente despejam seus resíduos, in natura, nos corpos d’água. Estes resíduos ricos em materiais orgânicos, exigem altas taxas de  demanda bioquímica de oxigênio para sua degradação, o que significa redução de oxigênio dissolvido na água,  prejudicando a biota aquática e todo o seu equilíbrio ecológico (DIAS, 2002).

 Outro ponto a se considerar é o fato de que estes veiculam uma série de agentes patogênicos que vão disseminar várias doenças, bem como comprometer a disponibilidade deste recurso (DIAS, 2002).

 De acordo  com Burgieman (apud DIAS,2002,p 168) nos anos 90 preocupava-se com os males da gordura animal para o coração, até esta data associava-se apenas o câncer de intestino ao consumo de carne vermelha. Contudo apareceram os casos de câncer de boca, faringe, estômago próstata e seios. O segredo da incidência destes casos também está associado à absorção exagerada de hidrogênio no estômago (que se dá pela presença do alcatrão da fumaça e do sal) do consumidor por uma bactéria que libera dióxido de enxofre (cancerígeno) em seu metabolismo. O alcatrão contido na fumaça do churrasco e o próprio sal também se combinam formando uma toxina cancerígena  a qual em 14500 casos de falecimento por câncer no Brasil 2000 estavam associados a estes motivos.

 Análises dessas situações e de outras que estamos realizando neste trabalho, dentro da ampla temática ambiental, indicam que a sustentabilidade da espécie humana na Terra vai requerer profundas mudanças, inclusive nos seus hábitos alimentares.

 Impactos gerados por componentes pontuais do metabolismo urbano.

 Os socioecossistemas urbanos possuem componentes dentro do seu metabolismo, ocultado em seus milhares de subsistemas, que durante décadas têm passado despercebidos nos exercícios de avaliação realizados (DIAS, 2002).

 Dentre esses componentes inclui-se uma variedade de fontes pontuais de degradação da qualidade de vida. É óbvio que o volume gerado desses poluentes nesses processos é reduzido, porém, se considerarmos que estes ocorrem o tempo todo no mundo, e que as cidades estão crescendo e com elas o consumo , têm-se uma idéia dessas contribuições no balanço global.

Contribuição da respiração humana para o aumento de CO2.

 É curioso pois geralmente não se trata deste aspecto em trabalhos do gênero, a abordagem sobre isto nos reporta aos seguintes dados de acordo com Goodman (apud DIAS,2002, p 173): em um dia um adulto inspira 10 mil litros de ar atmosférico, composto por 21 % de O2, 78% de N2, 1,3% de gases nobres e 0,03% de CO2 e expira igual quantidade de nitrogênio e gases raros, mais 16% de oxigênio , 1% de vapor d’água e 4% de dióxido de carbono. Baseado nisso um adulto remove cerca de 355 litros de oxigênio e adiciona 295 litros de dióxido de carbono diariamente.

 De acordo com Dias (2002), estes valores são validos para pessoas em repouso, quando em atividades estes podem dobrar e dependendo da atividade ficarem até dez vezes maiores.

 É obvio que os seres humanos precisam respirar então o que estamos tratando aqui, é se deve haver uma redução das demais emissões a fim de garantirmos uma margem larga de segurança para a sobrevivência da espécie humana.

 Ar interior

 Em 1999, o MS (Ministério da Saúde) encomendou a Sociedade Brasileira de Meio Ambiente e Controles de Ar de Interiores o primeiro estudo epidemiológico sobre ambientes climatizados. O estudo, que examinou 1528 ambientes em dez grandes cidades revelou que o ar interior é mais poluído que o exterior. A quantidade de fungos no ar, devido a má conservação de condicionadores de ar, em muitos casos excedeu as recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde). Brasília foi a cidade com a pior qualidade qualidade de ar interior do país, atingindo 1200 UFCs (unidade formadoras de colônias), quando o limite máximo aceito pela OMS é de 500 UFCs (DIAS, 2002).

 Um estudo realizado em 1988 por Ott e Roberts (apud DIAS,2002,p 175) avaliou a qualidade do ar dentro de residências e escritórios no Canadá. Este estudo concluiu que ao redor do mundo as pessoas estão diariamente expostas a poluentes tóxicos, em suas casa ou no trabalho, de forma quase que imperceptível, por meio de “inocentes” objetos ou produtos de consumo.

 A pesquisa abrangeu 15 estados e uma província do Canadá e se encontrou os seguintes níveis elevados de:

Paradiclorobenzeno – (Cancerígeno) encontrado em repelentes, desinfetantes sanitários e desodorantes.

Clorofórmio – (Cancerígeno em altas concentrações) gerado quando a água tratada com cloro é aquecida em chuveiros, máquinas de lavar e no cozimento de alimentos.

Monóxido de carbono – (letal em grandes concentrações) Aparece principalmente devido à má operação de fornos, fogões e torradeiras.

Partículas finas – Diâmetro igual ou menor a 10 mm, tóxicas pois nessas dimensões são capazes de se instalar nos alvéolos pulmonares. A estas são atribuídas mortes prematuras de bebês. São oriundas de combustões que ocorrem dentro da casa , como por exemplo o uso do tabaco.

Pesticidas – Altas concentrações devido ao uso indiscriminado e também ao arraste através de sapatos das pessoas, estes podem permanecer ativos por muitos anos nos carpetes, uma vez que estão ao abrigo da luz e da degradação microbiana. Entre os efeitos nocivos ao ser humano estão a atividade carcinógena de alguns.

Tabaco e benzeno – O benzeno é capaz de causar leucemia e é encontrado no ar interior, proveniente de combustíveis, fluidos, fumaça de tabaco (que possui mais de 4 mil componentes). Estima-se de acordo com o estudo que 45% da exposição das pessoas ao benzeno se deve ao cigarro; 36% à evaporação de combustíveis;16% aos vernizes e tintas e apenas 3% a poluição industrial. O benzeno é acumulado, dentro de casa, em carpetes principalmente (DIAS, 2002).

Pilhas e baterias

 Dispostas em lixões, freqüentemente vazamos líquidos que contêm metais pesados, os quais percolando lentamente através do subsolo podem atingir os lençóis freáticos (DIAS, 2002).

Celulares

 De acordo com Dias (2002) o mundo conta hoje com cerca de 400 milhões de celulares. Só no Brasil são mais de 12 milhões. Câncer no cérebro e catarata são as acusações mais graves quanto ao uso de celulares, centro de polêmicas entre interessados dos dois lados,médicos e fabricantes. De qualquer maneira, os celulares vieram adicionar novos elementos à poluição eletromagnética, ainda não devidamente avaliada, produzida por fornos de microondas, aparelhos de TV e rádios, linhas de transmissão de eletricidade e até mesmo as radiações emitidas pelas lâmpadas incandescentes e pela fiação elétrica interna.

Lubrificantes

 Muitos são volatilizados ao serem aquecidos durante a operação mecânica em questão ou levados à rede de esgotos e destes aos ambientes aquáticos prejudicando a existência da vida (DIAS, 2002).

Cosméticos

 Representam atualmente um número significativo de produtos que entram em nossas casas. Toneladas desses produtos químicos são utilizadas diariamente e volatilizados para a  atmosfera, isto sem levar em consideração as perdas durante os processos fabris. Partes destes materiais são levadas ao sistema aquático através dos esgotos. Não há avaliação da ação  sistêmica desses produtos (DIAS, 2002).

 Medicamentos

 Medicamentos que matam pacientes, relações obscuras entre médicos e grandes laboratórios, exames e cirurgias desnecessárias e a existência de remédios falsos, colocam a medicina  no rol das fontes de descontentamento humano.

 De acordo com Dias (2002) existem 30 mil doenças catalogadas. A medicina destina para elas milhares de drogas, em grande parte, não para curar, mas para manter as doenças sob controle de remédios e, com isso, a dependência das drogas, e alimentar esse mercado bilionário. É fato que nosso objetivo neste trabalho em nada tem haver com as questões relacionadas à ética médica ou laboratorial, mas sim queremos informar que se fossem produzidos remédios mais eficientes e de acordo com a real necessidade, teríamos menos atividade industrial de despejo por parte das indústrias farmacêuticas, e não teríamos os medicamentos e os seus metabolitos, como um mosaico infindável de drogas químicas, voltando ao ambiente natural sob várias formas tais como: a urina,a transpiração ou o pior a disposição em aterros. Em termos globais, as cidades acumulam milhares de toneladas desses produtos, e o que eles são capazes de causar ainda é uma incógnita.

 Produtos de limpeza

 Formam um mosaico impressionante de marcas e um espectro bizarro de funções, como limpa-fornos e outros. O destino final é sempre o mesmo: a rede de esgotos. Não se sabe, ao menos por alto quanto de substâncias químicas chega ao ambiente dessa forma. Pode-se imaginar que cerca de 95% da produção mundial acaba atingindo os corpos d’água (DIAS, 2002) .

Computadores  

 Quando sucateado, um micro gera 63kg de lixo, dos quais 22kg são lixo tóxico, normalmente formado de chumbo dos monitores, mercúrio e cromo das unidades centrais de processamento, arsênio e várias substâncias orgânicas halogenadas que se  transformam em ameaças à saúde e ao ambiente (DIAS 2002).  Até o momento quase não se percebe reciclagem destas partes pois aparentemente não implica em grande vantagem financeira.

 Esses  são apenas alguns exemplos de carga sobre os recursos ambientais gerados pelo megametabolismo das cidades.

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