
Trata-se da falta de
sustentabilidade humana (infra-estrutura e preparo no uso dos recursos
naturais) , pois de acordo com Dias (2002) a maior parte da população vive nas
grandes cidades e já são várias gerações nascidas e criadas afastadas do
convívio com a natureza, tais gerações criadas por um sistema educacional que
as faz ignorar as conseqüências ambientais de seus atos e os tornam apenas perseguidores
de bens materiais, não auxiliam no desenvolvimento de uma sociedade
auto-sustentável. De acordo com Dias (2002) sob tais condições o
desenvolvimento sustentável não é possível, o que é acrescido pelo desafio
evolucionário que já está ocorrendo nos centros urbanos, pois apesar de
ocuparem apenas 2% da superfície da Terra os seres humanos consomem 75% dos
seus recursos.
O estudo do impacto que o ser humano causa no
meio ambiente seguiu durante muito tempo os parâmetros de qualquer estudo
científico, ou seja , deve-se testar uma hipótese específica , utilizando uma
metodologia definida e controles para identificar os efeitos de uma dada
mudança no tempo e, com isso produzir conhecimento útil (DIAS 2002). Todavia o
que a humanidade vem presenciando não é passível de repetição, pois há várias
mudanças ocorrendo ao mesmo tempo, com muitas variáveis, e não há controle, o
que significa que as mudanças não são distinguíveis entre si e os resultados
destas podem não ser úteis.
Desta forma este estudo realizou-se através do
conceito do pluralismo metodológico recomendado por Stern et al (1993) para
estudos dessa natureza (DIAS, 2002).
Apresenta-se agora alguns dos aspectos
estudados e o resultado da contribuição humana, a pegada ecológica.
Contribuição
das alterações de uso do solo.
Para abordarmos este tema é necessário
informações sobre o uso do solo da área de estudo em períodos diferentes (DIAS, 2002). Estudos
estes que concluíram que todas as formas de ocupação do solo sofreram
modificações, mais ou menos intensamente. Tais modificações, impostas pelas atividades
humanas, amplificadas pelo contexto do megametabolismo urbano (crescimento
rápido e desordenado das cidades), trazem consigo efeitos tanto diversos como
inesperados em suas redes de interações . Por essa razão , muitos acreditam que
as mudanças de uso da superfície terrestre devam constituir uma das fontes mais
poderosas de indução das alterações ambientais globais (DIAS ,2002). Por
exemplo de 1994-1997 houve um aumento de 10% de crescimento na taxa de
conversão de áreas naturais para áreas de agropastoril, além de alterar os
aspectos locais , tais modificações contribuem para o aumento das emissões de
CH4 devido a presença de gado nas pastagens e, conseqüentemente,das
atividades biológicas desprendedoras de
gases-estufa, bem como o aumento das emissões de N2O devido a
própria conversão do solo ( DIAS, 2002).
O
consumo de combustíveis fósseis.
Como se sabe o consumo dos combustíveis
fósseis em diversas atividades humanas
representa uma das maiores fontes de emissão de diversos gases-estufa
(gases responsáveis pelo aumento de temperatura global) para a atmosfera,
principalmente gás carbônico. Nos sistemas urbanos essas emissões ocorrem
devido ao uso abusivo do transporte automotivo, ao uso do gás de cozinha e a
incinerações.
Em 1950 existiam no mundo 50 milhões de
veículos. Atualmente são em torno de 520 milhões e estima-se que até 2010 sejam
816 milhões de veículos (Worldwatch Institute apud Dias,2002). Os transportes
consomem cerca de 20% de toda a energia produzida globalmente. Desse montante ,
em torno de 60-70% são destinados a conduzir pessoas ;o restante para conduzir
cargas. O setor de transporte cresce a uma média global anual de 2,7%, maior
que qualquer outro setor da atividade humana (World Energy Council ,1998 apud DIAS,2002).
A rápida urbanização na maioria dos países
significa que, não apenas mais pessoas estarão vivendo e trabalhando nas
cidades, mas também que mais pessoas e mercadorias estarão fazendo mais viagens
dentro dessas cidades ou entre estas cidades.
De acordo com Andres et al (1996 apud
DIAS,2002) no momento, cerca de 80% da emissão anual de dióxido de carbono para
atmosfera ocorre em função da queima de combustíveis fósseis. Além disso essa
combustão também libera outros componentes como o nitrogênio. Sendo assim de
acordo com Dias (2002) os combustíveis fósseis possuem um papel de pivô no
orçamento global de dióxido de carbono, atuando como fonte desse gás e de
outros na atmosfera que podem estimulá-la a seqüestrar mais carbono.
Impactos produzidos pelo gás de cozinha.
Em uma cidade em sua maioria os fogões são
abastecidos pelo gás liquefeito de petróleo. Mesmo nas favelas a sua presença é
certa.
O ser humano desenvolveu certas dependências
que quase não nota a não ser em caso de paralizações do sistema de abastecimento,
entretanto além dessa dependência perigosa e frágil da sociedade urbana , um
outro aspecto se soma. A queima de gás de cozinha , composto principalmente por
butano , libera quantidades significativas de dióxido de carbono para a
atmosfera (DIAS,2002). Tal fato pode ser demonstrado pelo estudo abaixo.
A
População estudada consome 1.329.440 botijões de GLP por ano.Considerando que a
combustão da mistura de gases dos 13 Kg do botijão doméstico produz,em média,
88 Kg de CO2 , tem-se uma emissão de 146.238,4 toneladas de CO2
/ano, o que requer uma área de 81.243,5 ha de áreas naturais para sua absorção.
Dividindo-se esse valor pela população local, tem-se o requerimento individual
para a demanda desse item de consumo,ou seja 0,11 ha/pessoa/ano (DIAS,2002,p.145).
Impactos
gerados pelo consumo de energia elétrica.
Para
quantificar o impacto gerado pelo consumo de energia elétrica usam-se vários
fatores de conversão, dentre eles o que estabelece uma relação entre o consumo
de energia elétrica (KWh) e a emissão de CO2 (Libras). Baseando-se
nessa relação, para atender ao consumo de energia elétrica de cada habitante é
necessário 0,38ha/p/ano de mata nativa para absorver as emissões (DIAS, 2002).
Outro ponto ainda de acordo com Dias
(2002,p.154) é o fato do maior provimento de energia elétrica no Brasil ser
oriundo de usinas hidrelétricas . Sendo assim, o consumo de eletricidade acaba
contribuindo para estabelecimento de impactos ambientais negativos devido aos
processos das usinas. Alguns destes citados abaixo:
- Impedimento da migração de peixes;
- Modificação
do teor de oxigênio dissolvido na água (pelo longo tempo de permanência da água
nos reservatórios = anoxia);
- Proliferação de macrófitas aquáticas;
- Aumento
de teor de nutrientes sólidos, materiais flutuantes e húmicos (decomposição dos
vegetais submersos com a conseqüente produção de gás sulfídrico e amônia);
- Diminuição do transporte de sedimentos à
jusante (sentido em que fluem as águas);
- Alterações na cor da água e no regime fluvial;
- Mortandade de organismos aquáticos;
- Alterações na paisagem natural;
- Instabilidade das margens (por causa da
oscilação sazonal);
- Desflorestamentos;
- Surgimento de doenças e pragas;
- Drástica redução no estoque pesqueiro nativo.
De acordo com Dias (2002, p.155), os cidadãos
confortavelmente instalados em seus escritórios ou em suas residências não
sabem e não são estimulados a saber a conseqüência dos seus hábitos de consumo,
e acresce-se a isto que a cidade tem o poder de envolver as pessoas numa falsa
sensação de independência (inescasses de recursos).
Impactos
gerados pelo consumo de madeira e papel.
Dentre os diversos produtos levados a
cidade para consumo, a madeira é certamente um dos mais significativos, nem
tanto pela quantidade mais pelo impacto gerado.
Milhares de áreas nativas além das fronteiras
da cidade, são destruídos para que o produto chegue ao comércio local (DIAS,
2002).
Além disso dezenas de impactos ambientais
negativos são gerados, devido a forma predatória com que é feita a extração.
Para cada peça de madeira que chega a cidade,
vão nelas embutidas ações para perda de biodiversidade , erosão e
empobrecimento dos solos, assoreamento dos rios e danos à vida aquática, inundações,
doenças, etc.
O objetivo não é condenar aqui o uso da
madeira mas sim destacar que apenas 10% do consumo mundial de madeira é
proveniente de áreas manejadas (áreas com controle de extração e replantio). Em
torno de 55% do que é cortado atualmente continua sendo utilizado como
combustível (Brasil, China,Índia, Indonésia e Nigéria representam metade do
consumo mundial de lenha) (DIAS, 2002).
Em 40 dos países mais pobres do mundo, a
madeira atende a mais de 70% das necessidades energéticas, (segundo WWI,
1999-2000 apud DIAS 2002, p.161).
Nas 32 madeireiras visitadas na área do estudo
realizado por Dias (2002, p.163), revelou-se que a maior parte das madeiras vêm
do estado do Pará , seguido do Maranhão e de Mato Grosso e de Rondônia. Ou
seja, o consumo majoritário se dá à custa da destruição da floresta amazônica ,
uma vez que essas áreas integram a Amazônia Legal. As árvores predominantes
são: ipê, maçaranduba,angelim,mogno, cedro e muicatiara.
Só na região do estudo estas 32 madeireiras
vendem cerca de 2400m3 por mês, isto equivale à cerca de 96 carretas
por mês. Se considerarmos que a produtividade média das florestas tropicais é
de 2,3m3 /ha/ano (Wackernagel e Rees apud Dias 2002,p.163) como
foram destruídos 12.521ha/ano, cerca de
22.537 toneladas de Carbono (CO2) deixam de ser absorvidas pelas florestas
derrubadas e são acumuladas na atmosfera, contribuindo para a retenção de calor
e conseqüentemente para o efeito estufa.
Sendo assim fazemos uma consideração
importante oriunda de um provérbio budista que diz “Corte a floresta de sua
ambição primeiro,antes de cortar árvores de verdade” (DIAS,2002).
No setor de papel tem-se percebido
aperfeiçoamento fantástico no seu relacionamen-to com os recursos naturais. Acusada durante
décadas de ser uma indústria poluidora e devastadora de áreas ambientais,
investiu em pesquisas de melhoramento de espécies e encontraram nas plantações
manejadas de eucalipto formas eficientes de deixar florestas nativas em paz. De
acordo com Dias (2002) eram necessários
100 anos de produtividade de floresta amazônica para produzir 300m3
de madeira. Esse mesmo volume agora é produzido entre 7 e 10 anos.
É fato que o uso de espécies exóticas não se
faz sem controvérsias. Acusadas de reduzir a disponibilidade de água no solo e
de formar florestas mortas, ou seja quase sem fauna , essas plantações em
monoculturas estão longe de ser uma unanimidade. A reciclagem e o
reaproveitamento também reduziriam substancialmente o impacto ambiental dessas
atividades (vale ressaltar que fibras de papel só podem ser recicladas 5 ou 6 vezes).
Entretanto, estão no excessivo crescimento do consumo e no desperdício de papel
os problemas desta área, além dos problemas causados pelos efluentes líquidos e
gasosos gerados nas plantas industriais dos processos de produção de papel
(DIAS, 2002).
O consumo mundial de papel está crescendo em
um ritmo tão acelerado que suplanta os ganhos alcançados pela reciclagem .
Embora a reciclagem tenha imposto uma
desaceleração no crescimento de demanda de polpa de madeira, serviu mais como
um complemento do que um substituto para a fibra virgem (DIAS, 2002).
Felizmente, a produção de papel novo, a partir
do velho, tem-se tornado mais eficiente: para cada tonelada de papel usado,
quase uma tonelada de papel novo pode ser produzida (mais eficiente do que a relação
2-3,5 toneladas de árvores para produzir uma tonelada de papel virgem). O mundo
recicla cerca de 43% do papel utilizado (a Alemanha detém o recorde mundial de
72% seguida pela Coréia do Sul, com 66%, e da Suécia, com 55%. Não há dados
confiáveis para o Brasil). Acredita-se que o mundo recupere 45% do papel
utilizado, por volta de 2010 (DIAS, 2002). A reciclagem precisa ser
obrigatória, incluída nos nossos hábitos cotidianos. Precisa-se proibir, por
lei, o despejo de papel nos aterros (enquanto o processo de educação ambiental
se desenvolve).
Por outro lado, as novas tecnologias têm
produzido pressões crescentes de demanda (ver tabela abaixo), a exemplo do
advento das impressoras e outros.
País Consumo
de papel per capita (Kg/ano)
EUA 317,0
Canadá 247,0
Brasil 51,0 *
Índia 2,0
Média
Mundial 50,0
Média
países em desenv. 18,0
Fontes:
* Aracruz Celulose, CC (1997)
(Wackernagel
e Rees apud Dias 2002,p.165)
Só esse
componente já é suficiente para destacar as extremas diferenças de apropriação
dos recursos naturais feita pelas diferentes nações, para sustentar os seus
terametabolismos (Terá = 1012). Um americano consome cerca de oito
vezes mais papel que um brasileiro. Nada mais natural que, para manter os
níveis de consumo dos países ricos, mais áreas naturais ou de produção de
alimentos nos países pobres sejam convertidas para plantações de eucalipto ou
afins (DIAS, 2002). Gostaria ainda de ressaltar que apesar de não ter nenhum
cunho político este trabalho destacar os fatos citados acima, pois estes são
fatos.
Este é mais um componente do megametabolismo
urbano, relativamente fácil de ser quantificado, e que contribui de forma
expressiva e variada para as alterações ambientais globais (DIAS, 2002).
O mercado mundial de carne bovina movimenta
cerca de 10 a 12 bilhões de dólares por ano. O Brasil, com seu rebanho de 165
milhões de cabeças, participa com 6 milhões de toneladas/ano, equivale a 8%
desse mercado (DIAS,2002).
A média mundial de consumo é de 8,9 Kg/pessoa/ano. A média da
Europa é de 20,2, a do Brasil é 30,4, e a da Argentina é 73.
Segundo o sindicato do comércio varejista de
carnes frescas do Distrito federal (apud DIAS,2002,p 166), a média local é de
28Kg/pessoa/ano. Isso significa que somente para atender às cidades de
Taguatinga, Ceilândia e Samambaia, são consumidos 20680t/ano. Considerando que
cada boi pesa 230Kg, a população consome em média anualmente 89913 bois.
Isso significa que cada pessoa se apodera de
0,48 há de área de pasto, se considerarmos que para produzir 1 kg de carne bovina
são necessários 4mil litros de água (Kulke apud Dias 2002,p.167), a população
utiliza 82.720.000m3 de águas adicionais para obter sua carne
bovina.
Conforme Dias (2002) a carne bovina, como
componente da dieta dos seres humanos, constitui um dos setores mais poderosos
de pressão sobre os recursos ambientais, quer seja pela transformação do uso do
solo, ou pela substituição de áreas naturais, arrastando em seu espectro, o
desflorestamento e todas as suas conseqüências.
Podem-se ainda adicionar as atividades dos
matadouros e frigoríficos, que geralmente despejam seus resíduos, in natura,
nos corpos d’água. Estes resíduos ricos em materiais orgânicos, exigem altas
taxas de demanda bioquímica de oxigênio
para sua degradação, o que significa redução de oxigênio dissolvido na água, prejudicando a biota aquática e todo o seu
equilíbrio ecológico (DIAS, 2002).
Outro ponto a se considerar é o fato de que
estes veiculam uma série de agentes patogênicos que vão disseminar várias
doenças, bem como comprometer a disponibilidade deste recurso (DIAS, 2002).
De acordo
com Burgieman (apud DIAS,2002,p 168) nos anos 90 preocupava-se com os
males da gordura animal para o coração, até esta data associava-se apenas o
câncer de intestino ao consumo de carne vermelha. Contudo apareceram os casos
de câncer de boca, faringe, estômago próstata e seios. O segredo da incidência
destes casos também está associado à absorção exagerada de hidrogênio no
estômago (que se dá pela presença do alcatrão da fumaça e do sal) do consumidor
por uma bactéria que libera dióxido de enxofre (cancerígeno) em seu
metabolismo. O alcatrão contido na fumaça do churrasco e o próprio sal também
se combinam formando uma toxina cancerígena
a qual em 14500 casos de falecimento por câncer no Brasil 2000 estavam
associados a estes motivos.
Análises dessas situações e de outras que
estamos realizando neste trabalho, dentro da ampla temática ambiental, indicam
que a sustentabilidade da espécie humana na Terra vai requerer profundas
mudanças, inclusive nos seus hábitos alimentares.
Os socioecossistemas urbanos possuem
componentes dentro do seu metabolismo, ocultado em seus milhares de
subsistemas, que durante décadas têm passado despercebidos nos exercícios de
avaliação realizados (DIAS, 2002).
Dentre esses componentes inclui-se uma
variedade de fontes pontuais de degradação da qualidade de vida. É óbvio que o
volume gerado desses poluentes nesses processos é reduzido, porém, se
considerarmos que estes ocorrem o tempo todo no mundo, e que as cidades estão
crescendo e com elas o consumo , têm-se uma idéia dessas contribuições no
balanço global.
Contribuição da respiração humana para o aumento de
CO2.
É curioso pois geralmente não se trata deste
aspecto em trabalhos do gênero, a abordagem sobre isto nos reporta aos
seguintes dados de acordo com Goodman (apud DIAS,2002, p 173): em um dia um
adulto inspira 10 mil litros de ar atmosférico, composto por 21 % de O2,
78% de N2, 1,3% de gases nobres e 0,03% de CO2 e expira
igual quantidade de nitrogênio e gases raros, mais 16% de oxigênio , 1% de
vapor d’água e 4% de dióxido de carbono. Baseado nisso um adulto remove cerca
de 355 litros de oxigênio e adiciona 295 litros de dióxido de carbono diariamente.
De acordo com Dias (2002), estes valores são
validos para pessoas em repouso, quando em atividades estes podem dobrar e
dependendo da atividade ficarem até dez vezes maiores.
É obvio que os seres humanos precisam respirar
então o que estamos tratando aqui, é se deve haver uma redução das demais
emissões a fim de garantirmos uma margem larga de segurança para a
sobrevivência da espécie humana.
Ar
interior
Em 1999, o
MS (Ministério da Saúde) encomendou a Sociedade Brasileira de Meio Ambiente e
Controles de Ar de Interiores o primeiro estudo epidemiológico sobre ambientes
climatizados. O estudo, que examinou 1528 ambientes em dez grandes cidades
revelou que o ar interior é mais poluído que o exterior. A quantidade de fungos
no ar, devido a má conservação de condicionadores de ar, em muitos casos
excedeu as recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde). Brasília foi a cidade
com a pior qualidade qualidade de ar interior do país, atingindo 1200 UFCs
(unidade formadoras de colônias), quando o limite máximo aceito pela OMS é de
500 UFCs (DIAS, 2002).
Um estudo realizado em 1988 por Ott e Roberts
(apud DIAS,2002,p 175) avaliou a qualidade do ar dentro de residências e
escritórios no Canadá. Este estudo concluiu que ao redor do mundo as pessoas
estão diariamente expostas a poluentes tóxicos, em suas casa ou no trabalho, de
forma quase que imperceptível, por meio de “inocentes” objetos ou produtos de
consumo.
A pesquisa abrangeu 15 estados e uma província
do Canadá e se encontrou os seguintes níveis elevados de:
Paradiclorobenzeno
– (Cancerígeno) encontrado em repelentes, desinfetantes sanitários e
desodorantes.
Clorofórmio
– (Cancerígeno em altas concentrações) gerado quando a água tratada com cloro é
aquecida em chuveiros, máquinas de lavar e no cozimento de alimentos.
Monóxido de
carbono – (letal em grandes concentrações) Aparece principalmente devido à má
operação de fornos, fogões e torradeiras.
Partículas
finas – Diâmetro igual ou menor a 10 mm, tóxicas pois nessas dimensões são
capazes de se instalar nos alvéolos pulmonares. A estas são atribuídas mortes
prematuras de bebês. São oriundas de combustões que ocorrem dentro da casa ,
como por exemplo o uso do tabaco.
Pesticidas
– Altas concentrações devido ao uso indiscriminado e também ao arraste através
de sapatos das pessoas, estes podem permanecer ativos por muitos anos nos
carpetes, uma vez que estão ao abrigo da luz e da degradação microbiana. Entre
os efeitos nocivos ao ser humano estão a atividade carcinógena de alguns.
Tabaco e
benzeno – O benzeno é capaz de causar leucemia e é encontrado no ar interior,
proveniente de combustíveis, fluidos, fumaça de tabaco (que possui mais de 4
mil componentes). Estima-se de acordo com o estudo que 45% da exposição das
pessoas ao benzeno se deve ao cigarro; 36% à evaporação de combustíveis;16% aos
vernizes e tintas e apenas 3% a poluição industrial. O benzeno é acumulado,
dentro de casa, em carpetes principalmente (DIAS, 2002).
Pilhas e baterias
Dispostas
em lixões, freqüentemente vazamos líquidos que contêm metais pesados, os quais
percolando lentamente através do subsolo podem atingir os lençóis freáticos
(DIAS, 2002).
Celulares
De acordo com Dias (2002) o mundo conta hoje
com cerca de 400 milhões de celulares. Só no Brasil são mais de 12 milhões.
Câncer no cérebro e catarata são as acusações mais graves quanto ao uso de
celulares, centro de polêmicas entre interessados dos dois lados,médicos e
fabricantes. De qualquer maneira, os celulares vieram adicionar novos elementos
à poluição eletromagnética, ainda não devidamente avaliada, produzida por
fornos de microondas, aparelhos de TV e rádios, linhas de transmissão de
eletricidade e até mesmo as radiações emitidas pelas lâmpadas incandescentes e
pela fiação elétrica interna.
Lubrificantes
Muitos são
volatilizados ao serem aquecidos durante a operação mecânica em questão ou
levados à rede de esgotos e destes aos ambientes aquáticos prejudicando a
existência da vida (DIAS, 2002).
Cosméticos
Representam atualmente um número significativo
de produtos que entram em nossas casas. Toneladas desses produtos químicos são
utilizadas diariamente e volatilizados para a
atmosfera, isto sem levar em consideração as perdas durante os processos
fabris. Partes destes materiais são levadas ao sistema aquático através dos
esgotos. Não há avaliação da ação
sistêmica desses produtos (DIAS, 2002).
Medicamentos que matam pacientes, relações
obscuras entre médicos e grandes laboratórios, exames e cirurgias
desnecessárias e a existência de remédios falsos, colocam a medicina no rol das fontes de descontentamento humano.
De acordo com Dias (2002) existem 30 mil
doenças catalogadas. A medicina destina para elas milhares de drogas, em grande
parte, não para curar, mas para manter as doenças sob controle de remédios e,
com isso, a dependência das drogas, e alimentar esse mercado bilionário. É fato
que nosso objetivo neste trabalho em nada tem haver com as questões
relacionadas à ética médica ou laboratorial, mas sim queremos informar que se fossem
produzidos remédios mais eficientes e de acordo com a real necessidade,
teríamos menos atividade industrial de despejo por parte das indústrias
farmacêuticas, e não teríamos os medicamentos e os seus metabolitos, como um
mosaico infindável de drogas químicas, voltando ao ambiente natural sob várias
formas tais como: a urina,a transpiração ou o pior a disposição em aterros. Em
termos globais, as cidades acumulam milhares de toneladas desses produtos, e o
que eles são capazes de causar ainda é uma incógnita.
Formam um
mosaico impressionante de marcas e um espectro bizarro de funções, como
limpa-fornos e outros. O destino final é sempre o mesmo: a rede de esgotos. Não
se sabe, ao menos por alto quanto de substâncias químicas chega ao ambiente
dessa forma. Pode-se imaginar que cerca de 95% da produção mundial acaba
atingindo os corpos d’água (DIAS, 2002) .
Computadores
Quando sucateado, um micro gera 63kg de lixo,
dos quais 22kg são lixo tóxico, normalmente formado de chumbo dos monitores,
mercúrio e cromo das unidades centrais de processamento, arsênio e várias
substâncias orgânicas halogenadas que se
transformam em ameaças à saúde e ao ambiente (DIAS 2002). Até o momento quase não se percebe reciclagem
destas partes pois aparentemente não implica em grande vantagem financeira.
Esses
são apenas alguns exemplos de carga sobre os recursos ambientais gerados
pelo megametabolismo das cidades.
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